Para quem pensa que o tema é pouco ou nada jurídico, lembramos que a questão envolve o principal elemento presente na construção e exegese das leis, nas grandes e pequenas empresas e é o motivo pelo qual as relações, costumes, condutas e valores mudam a todo tempo e a cada era: pessoas. Vamos falar de pessoas!
A humanidade é marcada por históricos de
segregações de várias naturezas, cor, credo, gênero, nacionalidade, classe
social, dentre outras. Com o tempo foram criados mecanismos de combate às
desigualdades e de fomento à inclusão social.
No entanto, é forçoso afirmar que o que se
aplica hoje é o que de fato se espera de uma sociedade sem preconceitos.
O ambiente corporativo como amostra
satisfatória da sociedade reflete os valores nela praticados com o agravante da
profissionalização, hierarquia, divisão de cargos e remuneração.
O preconceito atual no ambiente
corporativo em sua grande maioria (em regra) não mais proíbe ou restringe
acessos, não é verbalizado e não se prega nas redes sociais, porém, dificulta,
inibe, constrange e pode estar disfarçado nas decisões e nos critérios de
contratação e progressão.
Podemos dizer que a busca pelo maior
rendimento, pelo lucro e pelo capital cresceram na mesma medida em que nos
tornamos a geração com maior incidência de depressão e suicídio, o que dirá em
relação aqueles que não se sentem parte do ambiente corporativo.
Tal contexto denota uma realidade
desequilibrada. Como o desenvolvimento humano vem sendo deixado de lado, este
deve ser retomado às pressas para que essas minorias possam ser inseridas nos
mais variados mercados de trabalho existentes.
Como exemplo de situação propícia para
mencionarmos, o Guia da mulher valorosa
de 1950[1]
ainda é tão atual como foi à época pois dignifica a mulher e sua participação
na sociedade. Contudo, a experiência prática tem mostrado que a inclusão e
igualdade da mulher no mercado de trabalho continua destoante do trato dado aos
homens na medida em que ainda há diferença de remuneração entre ambos os sexos,
e principalmente por não existirem políticas inclusivas para mulheres em cargos
de direção, assim como por existirem políticas de progressão pouco claras.
Uma sociedade na qual muito se fala, mas
pouco se faz para a criação de oportunidades às minorias que há dezenas de anos
sofrem por sua condição, situação, opção e assim por diante. Ações afirmativas
no ambiente corporativo ainda são tímidas.
No contexto acima não fazer nada para que
as minorias (mesmo mulheres, negros e homoafetivos não sendo minorias) sejam
além de inseridas, respeitadas e valorizadas no ambiente de trabalho é o mesmo
que colaborar para que esse quadro continue estático e que diariamente
peculiaridades físicas, de gênero ou sexual sejam utilizadas como critérios
profissionais.
A diversidade
é inerente ao ser humano, o ambiente profissional misto, formado por pessoas
diferentes é comprovadamente mais saudável e mais propenso ao desenvolvimento
pessoal, humano e do grupo, sendo que pouco importa precisar em que momento ou
sob a influência de quais premissas que foram esquecidas, o que nos cabe é além
de lembrá-las, fomentá-las.
A lição que fica é permitir que o outro
seja o outro no ambiente corporativo e que mesmo sem similitude sejamos
valorizados por nossas especificidades.